terça-feira, 2 de junho de 2009
Infância
Nasci em São Paulo, capital, e sempre morei no bairro da Aclimação, em ruas diferentes. Comecei a cantar antes de falar(assim contavam minha mãe e minha avó). Aos 10 meses, já falava(e não parei até hoje) a ponto das pessoas levarem susto (como uma coisa tão pequena falava tanto e o vocabulário não era curto). Aos três anos, já estava lendo. Aos cinco, sabia todas as capitais de todos os países do planeta(coisa que agora não lembro nem a pau). Entrei no jardim de infância já alfabetizada(era pequena demais para ir para uma escola "normal"). Na época, não existia esse negócio de criança superdotada. Ainda mais uma menina. Achavam que era frescura. Acho até que foi bom. Eu era uma criança muito sozinha. Como não tinha irmãos, tinha que me virar sozinha para brincar e inventar o que fazer. Lia muito, adorava música, e parecia um papagaio, já que decorava as músicas do jeito que eu entendia, principalmente as estrangeiras. Cantava qualquer idioma. Só não sabia o significado e nem se estava falando certo. Ouvia muita música clássica, como Chopin, Mozart e Beethoven. Minha mãe tocava piano, minha avó, mãe dela, era pianista e professora de piano(minha avó encarava qualquer teclado. Aqueles órgãos de igreja, com todo aquele aparato, ela tirava de letra.). De música "popular" só havia Edith Piaf(que minha mãe adorava), Glenn Miller, Liberace(pasmem!) e Yma Sumac(conhecida como rouxinol sei-lá-de-onde. Ela era peruana e a voz alcançava não sei quantas oitavas acima do normal. Acho que só cachorro conseguia escutar. Eu achava de lascar, mas ela era um fenômeno na época). Um dia, ganhei um radinho da marca National(que viraria Panasonic mais tarde) e passava o dia todo ouvindo uns rapazes que estavam fazendo sucesso com "She loves you".(eu entendia "xílóziu"). Eu adorava, dançava, cantava. Mais tarde, saberia que se tratava dos Beatles. Adorava Roberto Carlos(Eu te darei o céu meu bem) e a Jovem Guarda. Meu sonho era casar com Wanderley Cardoso. Fiquei muito triste quando soube que ele estava namorando a Vanusa(tudo ficou acabado entre nós. Não queria mais casar com ele). Visita em casa sofria. Sempre eu dançava alguma coreografia de minha autoria(sacodia a cabeça até ficar tonta-maior "headbanger") e o povo morria de rir. E cantava também(ninguém saia de casa sem um show). Na época o meu "tema" era a música francesa "L’amour est bleu". A minha pronúncia estava mais para japonês do que para francês, mas o pessoal adorava. Afinal, eu tinha uns quatro anos. Assim que entrei na primeira escola(jardim), me perguntaram o meu apelido. Como eu não sabia o que era, respondi bem séria: "Salerno". A menina que perguntou, me olhou espantada e disse "credo, que apelido esquisito". Eu achava que era meu sobrenome, e em espanhol, apelido é sobrenome mesmo. Só que eu não sou espanhola e nem sei de onde tirei aquilo. Apareci em alguns programas na tv(que era ao vivo). Um deles, foi com o finado Airton Rodrigues(que apresentava "Almoço com as estrelas" junto com Lolita Rodrigues, sua esposa na época). O programa se chamava "Chá com as bonecas". E minha aparição foi hilária(pena que não tinha videocassete na época. Gostaram tanto, que acabei recebendo convites para testes em novelas na época e comerciais. Minha mãe não gostou da idéia(mais tarde, eu viria a saber o porquê). E minha carreira artística foi encerrada antes de começar.
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